JORNADAS AFINS
Espaços sem fim, a vida de quem anda sem ter onde chegar,
sequência de passos a esmo, esperando o cansaço para repousar.
Noite e dia sem expectativas, levado aos limites da solidão,
quando as pedras do caminho são a própria extrema-unção.
Ilusões que reaparecem e desaparecem nas curvas da estrada,
manhãs que repousam o vazio mostrando valores que não valem de nada.
A razão e a consciência de que não haverá mais nenhum respaldo,
o fim da abstinência quando se entorna de vez todo o caldo.
A tendência do que não está firme é iminente, espera desmoronar.
a carência de quem está só traz de longe o relento a vislumbrar,
e a procura pelo que não se acha faz de cada busca a alquimia.
E quando seguir já não parece o bastante, então, desmonta o cansaço.
Acreditar no que está adiante não mantém o cabresto nem o laço.
E a vida desmancha a jornada buscando motivo em qualquer alegria.