#108 - Sobre minha solidão.
Os grilhões foram quebrados há anos.
Mas está tudo cravado em minha carne.
Tanta coisa bonita, vinda de bônus.
Mas as rejeições, são feridas constantes, sabe? Sempre arde.
Os sonhos, a ancestralidade e minha autoestima roubadas,
Nesse mundo que eu não cometi nenhum crime, mas sou culpado.
Toda esperança de criança roubadas;
Mas eu não vou me deixar ser derrubo.
Não é mimimi, não tenho que sentir pena de mim,
Mas o amor de um homem negro também é bonitin.
Eu carrego em mim poema, sentimentos, coisas assim.
Mas, todo o amor que vale, é branquin.
Eu tive que entender que o único amor que viria, viria de mim,
É o que eu poderia produzir.
Infelizmente, eu não sou daqueles negros bombadões ,animalizados, bestas sexuais.
Sou acometido de uma grande sensibilidade, não só de vontade reproduzir.
Tive que aprender a apreciar minhas belezas visuais.
Nunca vou reclamar de como sou. Muito menos quero alguma dó.
Eu estou aprendendo a ser sozinho, nesse imenso e recheado mundão.
O meu namoro é comigo, só.
Negro e com coragem, diante de tanta solidão.