OUÇO-TE

 

Ouço-te na canção do vento,

Que me embala à qualquer lugar!

Ouço-te no meu colóquio íntimo

Com as estrelas que fulguram

E sorriam mudas à minha tristeza!

Ouço-te nas manhãs caladas,

Dos meus outonos gritantes

Criando teia no sentimento, dando vazão

Às sensações labirínticas da vida!

No ruído das noites frescas e sombrias

Ouço-te, como se estivesses aqui,

Nós a sós, o momento de nós

E então, a dor inexiste porque,

Incansáveis, fomos correnteza de rio!

Canto para dentro de mim, agora, pois

Minh' alma finge alegria à não sucumbir

Na curva da vida e me pertenço, só,

Para viver sem saber como viver!

Apenas, indelével, Ouço-te!

O pensamento segue... vestígios...

Prossegue... deixa passar o presente

Recorda... não quer ser,  volta ao passado

E ouve de modo triste a alma, se acalma!

Ser-me assim visto a máscara!

Não há mais hora, há apenas tédio e solidão!

Empalidecem as horas, esvazio-me de mim!

O modo como te ouço é como 

O declínio da tarde que enfraquece

pouco a pouco, sumindo no poente!

Ouço-te...!

 

edidanesi
Enviado por edidanesi em 03/02/2022
Reeditado em 04/02/2022
Código do texto: T7444084
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