Vida de Baldo
A medida que a luz se esvanece
Se aproxima de mim o tinhoso
Sorridente, faminto, manhoso
Sussurrando o meu fúnebre destino.
Mas a onde o suicídio me levaria?
Se não findar por fim está vida,
Ainda existe na insídia,
Uma angústia tão estendida?
Abominou-se de mim um vazio,
Tão sincero quanto mudo,
E no silêncio mais ínfimo
Cavei o meu próprio túmulo.
A solidão que as pressas se aproxima,
Se abdica do último regalo,
Da minha felicidade abolida,
Da minha vida de baldo.