RECLUSO EM MEUS VERSOS
Na solidão dos meus dias nublados,
Contemplo os seres de semblantes cinzentos,
Caminhando com seus fardos cor de cimento,
Perdidos, adorando aqueles que roubaram seus sonhos alados.
Criaturas com máscaras de sorrisos
Escondendo suas faces de tristezas,
Cultuando as falsas belezas,
Anestesiados de seus lúgubres martírios.
Seres que vagam na ilusão de suas existências
Consumindo venenos em telas retangulares, Matando os propósitos que os tornariam singulares
E transformando-os em pobres mortais sem essência.
Vejo-me prisioneiro na penumbra do meu existir,
Colhendo as flores secas de um jardim sem vida,
Vagando pelas tortuosas montanhas da minha dura lida,
Onde, recluso em meus versos, tento resistir.