Pupilas da Lua

Quando o temporal desencadeia suas tempestades,

E o nevoeiro usurpara-se de meus olhos,

Sobre-me apenas a densa imensidade da solidão.

Quando o mar se deleita em minha face,

E o sol se ofusca nas pupilas da lua,

Vejo-te brilhar,

Na mais perfeita melancolia da noite.

Quando os meus olhos se desmembram de meu rosto,

Intermitente vago na escuridão que me ilumina,

Implemento na alma o que me resta dos sentidos,

E destino-me para o inferno dos vivos.

Quando minha voz brada a liberdade,

Corro,

Severo,

Sem fim.

Quando meu corpo me enfurece a alma,

Trato de separar-lhe da áurea,

No cárcere;

Onde as canções sepulcrais lhe fervem,

Lhe enlouquecem,

Lhe servem.

Ah, mas em meu rosto uma brisa,

Uma leve ventania,

Que sedimenta a proximidade que me encaminho,

Numa masmorra incessável,

Num interminável destino.

Ah, mas teus traços me remanescem,

Teus laços me enfurecem,

Teu canto me enaltece,

Tua voz,

Fúnebre.

E onde quer que eu tenha lhe enterrado,

Para onde quer que tua alma tenha vagado,

Seja como for minha terna,

Sempre lhe escreverei poemas,

E lhe dedicarei da essência,

A minha mais peremptória eloquência.

Dmitry Adramalech
Enviado por Dmitry Adramalech em 16/12/2021
Código do texto: T7408990
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