Pupilas da Lua
Quando o temporal desencadeia suas tempestades,
E o nevoeiro usurpara-se de meus olhos,
Sobre-me apenas a densa imensidade da solidão.
Quando o mar se deleita em minha face,
E o sol se ofusca nas pupilas da lua,
Vejo-te brilhar,
Na mais perfeita melancolia da noite.
Quando os meus olhos se desmembram de meu rosto,
Intermitente vago na escuridão que me ilumina,
Implemento na alma o que me resta dos sentidos,
E destino-me para o inferno dos vivos.
Quando minha voz brada a liberdade,
Corro,
Severo,
Sem fim.
Quando meu corpo me enfurece a alma,
Trato de separar-lhe da áurea,
No cárcere;
Onde as canções sepulcrais lhe fervem,
Lhe enlouquecem,
Lhe servem.
Ah, mas em meu rosto uma brisa,
Uma leve ventania,
Que sedimenta a proximidade que me encaminho,
Numa masmorra incessável,
Num interminável destino.
Ah, mas teus traços me remanescem,
Teus laços me enfurecem,
Teu canto me enaltece,
Tua voz,
Fúnebre.
E onde quer que eu tenha lhe enterrado,
Para onde quer que tua alma tenha vagado,
Seja como for minha terna,
Sempre lhe escreverei poemas,
E lhe dedicarei da essência,
A minha mais peremptória eloquência.