Um lugar ao frio.
Acho que hoje é um dia daqueles
De luar quando anoitece
Se não for, eu queria só que fosse
Dessas, que a lua desce pro leito do lago
Onde a voz do vento diz poesia à sua margem
São dois quereres que trago em mim
E a pressa em nunca mais
Que hoje ela não venha
Tem outras coisas que a lua traz
Uns dias de sol são mais felizes
Outros são só isso e me parecem
Repletos de vazios muito imensos
O tempo, imune à dor, não guarda
Nenhum laço que faça ou que coadune
À qualquer espécie de saudade
A lua só passa, quem nos une é o luar
Numa noite assim, igual a essa
É comum que ele passe depressa
A igualar-se ao correr de outros dias
Que passaram e que nunca se foram
Em que a brisa soprava poemas
Tem noites que a gente precisa ser mais breve
Uma luz mais leve, um entrave de nuvem
Orvalho sereno, alvorada
Uma noite que nos traga o todo
Em que foi resultar-te a escura vaidade
E navegue de olhos fechados com destino ao nada
Nem bondade ou vazio
Só verdades e um lugar ao frio.
Edson Ricardo Paiva.