BOCEJO
Estou deitado sobre as nuvens
Vendo horizontes se modificando
Então penso que o mundo morre
A cada suspiro de desencanto.
Quem vai dizer que a água é cristalina?
Quem vai saudar a manhã de sol tórrido?
Por enquanto não bocejo nada de estranho
E nada me encanta neste paraíso artificial.
Eu durmo entre as flores que não plantei
Mas que reguei com meu suor e desespero
Por isso entendo o silêncio de cada pétala
E estendo meu olhar para além do jardim.
Não sou o homem que vai pegar em armas
E nem vento que varre o cimento incrédulo
Mas não me diga em que direção eu deva ir
Apenas me veja evaporando entre prédios.
Os adeuses que foram lançados contra mim
Não cravaram unhas em minhas lembranças
Somente as rosas entendem o meu suspirar
E me fazem companhia na minha loucura.