Estranha Solidão
Chamei alguns amigos para ir em casa,
O cigarro se acomoda no cinzeiro,
Trouxe de companhia a fumaça.
O whisky chega na garrafa,
Se pendura na boca,
Mergulha no copo,
Insinua-se,
Querendo ser degustado.
A máquina de escrever,
Como sempre,
Quer estardalhaço.
Trouxe todo alfabeto,
As primeiras unidades numéricas,
Pontos, vírgula, acentos,
Sinais simples e complexos.
Ela dá ritmo a música tocada,
Dj da parafernalha.
Também possui habilidade para tatuar.
O papel que veio do nada,
Passou a noite em branco,
Se arrisca a ser marcado,
Pela máquina com auxílio das letras.
O pensamento coordena tudo,
Vezes se perde,
Mas retorna ao baile.
Faz a fumaça ser ingerida,
O whisky ser degustado,
Acelera ou diminui a música e o ritmo,
Faz o papel ser marcado,
Se não tiver contente,
O amassa e o expulsa,
No lixo é jogado.
Vezes se reúnem à noites,
Outras durante o dia.
E imagino,
Difícil deve ser a vida de quem não tem tal companhia,
Com a aurora chegam as angústias,
Permanecem durante noites frias,
Em madrugadas se vão,
Mas a presença da eterna solidão,
É o que preenche seus dias.