Estranha Solidão

Chamei alguns amigos para ir em casa,

O cigarro se acomoda no cinzeiro,

Trouxe de companhia a fumaça.

O whisky chega na garrafa,

Se pendura na boca,

Mergulha no copo,

Insinua-se,

Querendo ser degustado.

A máquina de escrever,

Como sempre,

Quer estardalhaço.

Trouxe todo alfabeto,

As primeiras unidades numéricas,

Pontos, vírgula, acentos,

Sinais simples e complexos.

Ela dá ritmo a música tocada,

Dj da parafernalha.

Também possui habilidade para tatuar.

O papel que veio do nada,

Passou a noite em branco,

Se arrisca a ser marcado,

Pela máquina com auxílio das letras.

O pensamento coordena tudo,

Vezes se perde,

Mas retorna ao baile.

Faz a fumaça ser ingerida,

O whisky ser degustado,

Acelera ou diminui a música e o ritmo,

Faz o papel ser marcado,

Se não tiver contente,

O amassa e o expulsa,

No lixo é jogado.

Vezes se reúnem à noites,

Outras durante o dia.

E imagino,

Difícil deve ser a vida de quem não tem tal companhia,

Com a aurora chegam as angústias,

Permanecem durante noites frias,

Em madrugadas se vão,

Mas a presença da eterna solidão,

É o que preenche seus dias.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 12/11/2021
Reeditado em 12/11/2021
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