72°

Sou o poeta das horas vagas

Vivo na chuva até gripar

Não tenho medo da morte

Não sei quando ela vai chegar

Mas sinto-a próxima a cada poema

Sou o inesperado entre um beijo e outro

A doença venérea que não pega

Sou a ausência na presença vazia

Escrevo para sobreviver

Estou sempre a morrer

Esperando um final que não acaba

Sou o retrato quebrado jogado no chão

A poesia ultima que não finda

Sou a teoria mais contraditória

Sou o amor das vespas leprosas

Sou o que não posso ser

Um nômade que não vaga em lugar algum

Um câncer mal curado de um enfermo

Sou a empatia do diabo

E a maldade de deus

Eu não sei quem sou.

Otreblig Solrac - O poeta burro

Otreblig Solrac
Enviado por Otreblig Solrac em 04/11/2021
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