72°
Sou o poeta das horas vagas
Vivo na chuva até gripar
Não tenho medo da morte
Não sei quando ela vai chegar
Mas sinto-a próxima a cada poema
Sou o inesperado entre um beijo e outro
A doença venérea que não pega
Sou a ausência na presença vazia
Escrevo para sobreviver
Estou sempre a morrer
Esperando um final que não acaba
Sou o retrato quebrado jogado no chão
A poesia ultima que não finda
Sou a teoria mais contraditória
Sou o amor das vespas leprosas
Sou o que não posso ser
Um nômade que não vaga em lugar algum
Um câncer mal curado de um enfermo
Sou a empatia do diabo
E a maldade de deus
Eu não sei quem sou.
Otreblig Solrac - O poeta burro