Amiga escuridão

Escuridão,

Velha amiga e companheira

Hoje mergulho novamente em ti

Tenho estado contigo

Abraçada e sem sentido

De entendimento

Enquanto eu dormia

Veio ao eu encontro

A delicada brisa

Que em meu rosto

Percorreu os contornos.

E em sono breve

Murmurei teu nome

Senti o coração a soar

a forte canção do trovão

Velha amiga solidão

Novamente vim te falar

Da visão que em minha mente foi implantada

Vi-me em seus braços

Em abraços intermináveis

Na chuva a dançar

Mergulho no som do teu silêncio

Oh! Amiga solidão.

Tenho percorrido minha estrada sozinha

Caminhos estreitos, sem pavimentos

Com pedras e pedrinhas no meio do caminho.

Percorro sob a luz dos relâmpagos

Iluminando meu caminhar trôpego

Clareando minha mente obscura.

Os raios do relâmpago

Apunhalam meus olhos

E cegam por instante sem tempo de terminar

A visão do meu caminhar.

Velha amiga escuridão,

Não me atrevo a interromper o som

Que o silêncio vem me anunciar

Me recuso a cantar

A cantiga dos amantes perdidos

E separados por infindas caminhadas

Contrárias.

Amiga escuridão

Ecoas na sombra de minhas lembranças

Como um furacão vasculhas

Tão cansado pensar

E trás pra mim

Por um único instante

De volta

Em grande clarão

O ensolarado amanhecer.

Antologia Fenômenos da Natureza - 2021

Fatimiha
Enviado por Fatimiha em 17/10/2021
Reeditado em 28/11/2021
Código do texto: T7365821
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