Minhas Cartas

Minha última carta será feita com gotas de sangue

Para que você veja a imensidão de toda a dor que me abrange.

Quando nasci o cosmos chorou por mim

Um tapa foi dado para abrir meus pulmões

Maldita hora em que eu chorei perante a vida

Aonde eu nem queria ver a primeira luz em contra partida

Crescendo a mente também o corpo

Sempre que via o mundo era uma porrada

Tão cedo e tão pequeno já deseja estar morto

Mas na infância achei que era brincadeira, então eu sonhava

Deixei tudo pra trás

Mal sabia eu que tudo iria me encontrar em um futuro próximo

Era difícil um dia que você me encontrasse sóbrio

Já não sabia como anestesiar toda essa dor

Então me aquietei e apenas a guardei a mim

Aos 12 eu chorei

Aos 14 perdi minha visão

Aos 15 perdi minha mente

Aos 16 me apaixonei pela dor

Aos 18 e ainda sou eu mesmo...

Na solidão foi aonde fiz morada

Ela está em todo canto desta casa

Sozinho fui encontrado na estrada

As lágrimas não caem de meu rosto

Pois elas estão escrevendo esses versos

Sentado no chão do banheiro

O sangue e se misturava com a água

Minhas mãos trêmula e frias

Fez minha voz se esvair de meu corpo a muito tempo

Passei pela floresta da escuridão

Caminhei pelo percurso

E as árvores choraram com minha presença

Eu amaldiçoo todos que estão em minha vida

Eu sou o azar, eu sou um demônio, eu sou um maldito que foi condenado a viver

Encontrei o abismo

O abismo me encontrou

Flertamos por algum momento

Então o abismo desapareceu...

Eu não faço poemas tristes eu faço míseros desabafos

Sempre que escrevo me prolongo um dia de vida

Apenas existindo em uma existência aflita

A mesma dor convida dores novas para uma festa

Esperando minha última carta para me despedir de todos

Todas vez que choro

Sangro poesias

E das minhas lágrimas

Nascem as dores mais sinceras

Capazes de fazer até mesmo as estrelas perderem o seu brilho

~ Jackson Campo