O Pássaro na Janela
Sentada à mesa, imersa em devaneios noturnos
Meu coração munido-se de uma nostalgia que não cessa
De uma ausência que nada parece preencher
Um voo alcança meus pensamentos
Meu olhar segue até a janela
Um pássaro pousa levemente e estufa o peito
Enquanto ele saltita despreocupado
Eu me vejo refletida naquela pequena ave
O pássaro na janela é livre
Pode voar a qualquer momento e se esconder em meio às nuvens
Enquanto penso nas possibilidades, ele me olha
Como se entendesse minha tristeza, ele deixa de saltitar
Olha firmemente em minha direção
E seu bico move em direção ao chão
Como se com uma mesura me cumprimentasse
Talvez seja porque somos dois solitários
No cair da noite de uma sexta-feira
Não percebo que estou chorando até que a imagem se turva em meus olhos
Quando a lágrima cai no papel da carta antiga que estava relendo
Ele me lança um último olhar
Voando no céu que se descortina num azul sombrio
Talvez eu seja aquela pássaro da janela
Que cedo ou tarde partirá desse mundo voando em direção ao céu
Na esperança de que lá possa encontrar uma nuvem para chamar de lar.