Recôndito de uma solidão

Sentirei um afago em minha face ainda dormindo

Costurando meus anseios, tecendo minha dor.

Como alguém devagar que a porta vem abrindo

Eu sonhando, me oculto como um botão de flor.

Num balanço de rede, sinto arrepio sem saber,

Amarga com minhas dores e minha própria solidão.

Criando um jeito, um sabor de me querer,

Conformada com a companheira que esfria o coração.

Aos poucos o silêncio faz um diálogo surgir

E da janela as folhagens que arranham me convidam,

Cada móvel também a olhar mais para mim

Só me fazem ser sozinha e cada vez mais envolvida.

A solidão anda e exala perfume pela casa

Tão perto sopra na fumaça do meu café

No seu hálito tão afável, eu despovoada,

Encontrando-me em sinal de fogo de chaminé.

Gira a solidão tão pluma e tão tácita

Eu nessa inquietude de meu próprio labirinto

Por vezes voraz e às vezes tão pávida

Nessa luta inconstante de como me sinto.

Se fores companheira ou somente tem dó

Que deites e demore no meu terno abraço

Pois aqui já não importa se me sinto só!

Nem as vezes que amei, só as que me refaço!

ROSILENE LEONARDO DA SILVA

Rosi Leonardo
Enviado por Rosi Leonardo em 24/09/2021
Código do texto: T7349451
Classificação de conteúdo: seguro