Recôndito de uma solidão
Sentirei um afago em minha face ainda dormindo
Costurando meus anseios, tecendo minha dor.
Como alguém devagar que a porta vem abrindo
Eu sonhando, me oculto como um botão de flor.
Num balanço de rede, sinto arrepio sem saber,
Amarga com minhas dores e minha própria solidão.
Criando um jeito, um sabor de me querer,
Conformada com a companheira que esfria o coração.
Aos poucos o silêncio faz um diálogo surgir
E da janela as folhagens que arranham me convidam,
Cada móvel também a olhar mais para mim
Só me fazem ser sozinha e cada vez mais envolvida.
A solidão anda e exala perfume pela casa
Tão perto sopra na fumaça do meu café
No seu hálito tão afável, eu despovoada,
Encontrando-me em sinal de fogo de chaminé.
Gira a solidão tão pluma e tão tácita
Eu nessa inquietude de meu próprio labirinto
Por vezes voraz e às vezes tão pávida
Nessa luta inconstante de como me sinto.
Se fores companheira ou somente tem dó
Que deites e demore no meu terno abraço
Pois aqui já não importa se me sinto só!
Nem as vezes que amei, só as que me refaço!
ROSILENE LEONARDO DA SILVA