𝖳𝗈𝗊𝗎𝖾 𝖽𝖾 𝗋𝖾𝖼𝗈𝗅𝗁𝖾𝗋
Estou presa no cárcere da vida
Num quartel que não tem fiel
Onde estão os fiéis?
Lá fora o mundo gira
Meu peito agoniza
Sinto solidão
Sinto um vazio devastado
Que não quer ficar calado
Vazio gritante!
Arruinante!
O mundo gira de ponta cabeça
Pomba-Gira da paz
Carro bomba!
Explodiu meu coração e mente
Nesse mundo descontente
A rua é para os soldados
Eu me tranco em meu quarto
Toque de recolher
Impedida estou de viver
Quero amor
Quero irmandade
As feridas não cicatrizam
Bala perdida!
Acertou meu coração
Onde está a flecha
Para curar minha tensão?
Abre caminho flecha certeira
O nazismo já se foi
Mas eu luto contra algo pior
Não sei mais sorrir
Na guerra, eu ainda não venci
Nado na lama ensanguentada
Rastejo com a mão desarmada
Um soluço!
Grito silencioso na estrada
Faroeste!
E encontro-me no mundo irreal
Pode ser que seja banal
Não é!
Meus sentimentos corroem a fé
Não tenho para onde correr
Toque de recolher
Que faz eu me afastar de você
Minha vida social, cadê?
Nem isso mais eu tenho
Me tranquei em meu mundinho
E as lágrimas ofuscam-me
Todo santo dia!
Não me reconheço
Nessa vida de anestesia
A mente borbulha
Várias intrigas desmerecidas
Vou-me esconder
Nas trincheiras da vida
Cavo um buraco
Pra ficar escondida
Toque de recolher
O relógio marca três da tarde
Recolho-me em meu quartel
Em minha casa feita de papel
Correntes me machucam
Nessa grande luta
Batalha que ainda não venci
O sangue sobe à cabeça
Tento controlar a ansiedade
Não me vejo nas ruas da cidade
Porque estou em uma caverna
O dragão soltou fogo pela boca
Atingiu meu corpo, queimado
Me capturou!
Estou na solitária
Não vejo mais a luz do Sol
E nem da Ilha, o farol
A vida me fez refém
Muitos não entendem também
O toque que me recolhe
Em uma angústia profunda
Eu queria ser amada
Carente estou!
Sei que isso não leva a nada
Minha alegria caiu numa cilada
Toque de recolher
E eu aqui, com medo de viver.
Karol Pisaro - Sexta-Feira - 27/08/2021 às 13h51min.