Cortinas de brumas
Ando entre cortinas de brumas,
dias nublados de sentimentos,
circulando em torno de memórias,
entrando e saindo de sonhos acordados,
procurando sentidos ausentes de vida,
quando tudo o que desejo é segurar suas mãos,
lhe dizer o quanto fazes falta ao meu coração,
o quanto meu silêncio só expressa amor e dor,
o quanto a distância nos tortura e amaldiçoa...
Eu espero todas as tardes chuvosas de domingo,
no vento da varanda que assovia seu nome,
no frescor das ondas que mediam meus suspiros,
no pôr do sol de um horizonte sem previsões...
Toco uma foto antiga como se mágica nela houvesse,
seu olhar profundo e sorriso de canto,
suas pintas em cada bochecha,
sua sagacidade para viver,
ironias entre versos e prosas,
melodias de madrugadas apagadas,
tutu de feijão na geladeira,
referências que só nos competem,
quanto tempo se passou?
Eu espero todas as noites frias de sextas,
na escuridão de um quarto vazio,
no céu de estrelas que desenham sua imagem,
na tristeza infinita de um vinho tinto que oxidou...