O Homem Só
Na janela bate um vento frio
Que esquenta um coração gelado
Termina o dia sem nenhum brio
Segue a rotina do que lhe foi dado
Com passos largos, altivo, errante
O olhar vazio tudo desdenha
A mente cinzenta sempre distante
Com indiferença a jornada empenha
Na solidão vai procurando abrigo
Longe do mundo e do maldito rebanho
Não tem amor, nem tem um amigo
No meio da massa se sente um estranho
É só mais um em meio à multidão
Sobrevivendo anestesiado, segue
Ninguém se importa com sua condição
Desce uma lágrima e ninguém percebe
Triste e vazio, sozinho morreu
Numa tarde fria com céu nublado
No seu velório ninguém apareceu
Debaixo de chuva foi enterrado
Olhem essas pessoas solitárias
De onde será que elas vêm?
Ninguém se interessa, elas são necessárias?
Alguém se importa com o que elas têm?