Grito do silêncio
Eis-me novamente aqui, minha velha companheira noite
Preciso contemplar-te mais uma vez...
uma vez mais, deixe-me envolver em tua escuridão...ó amiga noite
Pois tuas sementes são germinadas em minha atordoada mente, neste gritante silêncio.
Nos meus sonhos eu divago, caminho em vielas estreitas, cheias de obstáculos
vago sob a débil luz vinda de algum lugar que não consigo enxergar
Sinto o frio que trazes, tento proteger-me de mim mesma, do clamor úmido do meu cansado coração
Minha visão é ofuscada por uma estranha luz que toca meu silêncio.
E nessa luz nua eu posso ver
milhares de pessoas esbarrarem-se
umas nas outras, falando sem dizer o que sentem, ouvindo sem escutar
Pessoas escrevendo poesias que jamais serão lidas, pois ninguém ousa quebrar o som do silêncio.
Como tolos, achamos que estamos bem
todo esse silêncio cresce como uma ferida, tento gritar e dizer que estamos perdidos, quero tocar a luz, e talvez eu consiga alcança-la...
Tento falar, mas minhas palavras se perdem em meio às lágrimas que ecoam como ondas à beira da praia.
Eu só precisava abraça-la ó minha companheira noite, consolar meu pranto em tua escuridão sem lua cheia
Precisava confessar que o mundo vai muito mal, vejo pessoas se curvarem a ídolos que elas mesmas criaram, já nem sabem pra onde vão.
Procuram e não conseguem ver as palavras que já foram escritas
Em cada beco dessas ruas frias, tudo grita mas não ouvem, os meus e tantos outros tormentos sussurrados ao som do silêncio.