Perdida de mim me vasculho
Um extermínio em minha alma
se apossa da vida que havia.
O medo do apocalipse me toma.
O que foi, o que é, que sei eu?
Masoch novamente me assombra.
Inércia de sentidos e falsa euforia.
Esta melancolia que me consome!
Alimento-me sem nenhuma fome,
leio sem me ater ao texto: são letras,
apenas hieróglifos, onomatopéias.
Vivo fingindo viver e engano a mim,
como se fosse possível tal enredo.
Os amigos vão sendo aos poucos
esquecidos. São meros figurantes
da vida que me deu uma rasteira.
Nada mais faço sem me angustiar.
Sinto um quê ardido.
Hoje uma escuridão bate insistente
como uma goteira à noite inteira.
Não consigo me soltar internamente.
Me camuflei de Maiakovski
me mascarei de Kafka, o meu cruel
ídolo mórbido e sarcástico.
Meu lado Pessoa se mescla
em espasmos no peito e na alma.
Quem tem medo de Virgínia Woolf?
Embebedo-me na minha aflição.
Meras lembranças cotejadas.
Agonia, melancolia e pavor
de que notícias funestas
venham à minha porta bater.
Não, eu não sigo meu caminho.
levada pelas brumas, folha
perdida e amarelada entre pântanos,
à procura do sonho perdido.
Não acordo. Caio nas incertezas.
Será que morri? estou levitando?
Voltei ao meu buraco negro
tão esquecido, tão conhecido.
São lembranças que retornam
de tempos idos, perdidos.
Imensa angústia me consome.
E pela depressão afundo
nesta areia movediça, engulo
afogada este entorpecer.
Que insana sina é esta
que me joga assim de encontro
a esta ftriste condição?
Ah, profundo desassossego.
Amargos dias e saudades.
Meu coração está comprimido.
Amputada, minha alma inútil
encontra-se amedrontada
por torturas não concebidas.
Nenhum sorriso ou afeto elevam
este estado aflito e arrasado.
Eu me queria morta e desprezada.
tudo, menos este tormento!
08/11/2007