TÁ FRIO AQUI, AGORA.
Tá tudo frio
O copo,
as roupas
A parede
As mãos,
a pele, o osso.
O orvalho na parede
deforma a pintura
e transforma tudo
em abstrato
Eu vejo coisas, paisagens, bichos
Criaturas horripilantes...
Tudo grafado na parede
de morfo verde-cinza
Há chuva nos olhos
na pele, nas roupas
no travesseiro...
Tá frio
Nas pessoas
Na rua
Na música
Na poesia
Em agosto é sempre assim
E esse coração que não gela
E essa carência de gente
Em agosto é sempre assim
O frio nos vidros
Nas árvores
No corpo
Mas quando agosto acabar...