QUEM SOU?
Sou o medo dos casais que namoram,
Das noites negras sou a mais fria.
Quando chego não vou mais embora,
Sou a tristeza ao nascer do dia.
Estou sempre no olhar de quem morre,
Ou no leito úmido de quem adoece.
Sou como o riacho louco que corre,
Sou a angústia das mães na prece.
Sou a escuridão de mais um dia,
Sou a claridade da eterna noite,
Sou o calor que está na mão fria,
Sou no corpo a dor do açoite.
Sou a partida com o desejo de ficar,
Sou a morte no leve toque da vida,
Sou a dor de quem está a chorar,
Sou o vazio que fica na despedida.
Não sou a morte, pois da vida faço parte.
Não sou a ausência, pois estou no coração...
Estou aqui ou bem distante, na lua ou em marte,
Sou mais que um nome, sou a negra solidão.