Reserva de delírios

A rua brilha sobre essa garoa mansa e vejo siluétas e intenções,

O céu derrama choros como rios que vão escorrendo tristes sobre telhas e bueiros,

O silêncio e as goteiras apagam os ecos de murmúrios e despedidas,

Agora busco o sol como em outros tempos porque estou cheio de dúvidas mortas,

Levanto espantado sabendo que meu passado estéril ficou ali, entre quadros e almanaques,

Já não existem carências nem aquele antigo medo real que quasse doía, compreendo a duras penas que é impossível viver sempre de ranço e de rancor,

Encontrei na minha reserva de delírios outros sonhos resucitados, flamantes ásperos e contínuos,

Organizei meu horizonte nesse último exílio, sem chorar o tempo, limpando vaidades.

Diego Tomasco
Enviado por Diego Tomasco em 01/08/2021
Reeditado em 31/01/2023
Código do texto: T7311978
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