O fim do caminho.

Se Deus me permitisse hoje

Dirigir uma oração

Eu a dedicaria a toda porta que se fechou

Diria para a chuva que me molha só

No fim da viagem perdida

Às janelas onde eu olho e não vejo sorriso

Eu diria que não preciso de nada disso

Que a porta se feche e me deixe aqui fora

Que a viagem se perca, porque ainda há todo um mundo

E ele prossegue e segue em frente, muito após aquela cerca

E que eu e a chuva estamos sós

Mas que nunca estivemos sozinhos

Porque ainda temos a nós

E temos muitos lugares onde ir

Temos os olhos do céu para olhar

E tantas estrelas a quem confessar

Dizer tudo que queria dizer

Mas que jamais foi escrito

Dizer que a estrada termina

E que o lugar ao final do caminho era bonito

Tinha toda uma primavera por lá

Mas que eu não preciso de nada disso

Eu tenho a chuva ainda

Ontem ela veio de madrugada

Veio assim, do nada

E eu tenho o nada, ele traz coisas que são de verdade

Coisas assim, tipo a chuva e a saudade

Pois os olhos da noite, quando brilham no sereno

São coisas que se encaixam nos meus sonhos

Nos meus olhos tristes e sem viço

Pois o fim da estrada ainda existe, ele está lá

Mas ninguém precisa vir...esquece

Não precisamos de nada disso.

Edson Ricardo Paiva.