Saber de mim.

Penso em amigos

Aqueles desconhecidos

Que nos são às vezes próximos

E que conhecemos mais que a nós

Porque somos como as andorinhas

Que não voam sós

Mas só nós, que temos corações vazios

Como os céus matinais, que são só azuis

Azuis de tão vazios, frios, claros, sombrios

Caros amigos distantes

Que cruzam o céu do pensamento

Como andorinhas que cruzam a azul por momentos

Eu nem sabia que podiam voar tão alto assim

Quem sabe a gente se encontre

Lá no fim do caminho profundo

Nos fundos desse claro infinito

Vazio, infinito e azul crescente

Num traço descendente e meridional

Onde não existe espaço para o vazio da solidão

Vidas tristes, amiúde

Olhos rudes, apertados, mirando uma linha

Eu não sabia que voassem tão alto

Mas sempre atentei para o fato

De, amigas ou não

Jamais voarem sozinhas

Quem sabe elas também não conheçam

As amigas de jornada

Mais que a si mesmas

Sobre quem não sabem nada.

Edson Ricardo Paiva.