Um jarro de barro.

Pra que eu seja o autor da minha vida

E se a vida fosse o meu almoço, que eu preciso preparar

Como se eu tivesse uma panela de barro e só

Um jarro de água, apenas

E muita paciência, em pequenas porções

Viver qual se fosse um pássaro, um velho passarinho

Asas cansadas

Nada além de um breve canto

Um leve pranto

Nada de longas canções

Um fino fio de luz de lua

Talvez um tanto mais tênue

Luz de estrela, que eu, na minha ingenuidade

Nem perceberia a diferença ou quem me deu

Pra que seja eu, autor da minha história

Preciso lidar com a dor, a saudade

e o cansaço, em pequenas porções

E em grandes manhãs frientas

Friorentas margens de rios

Saber ser só, nas solidões que a vida traz

E fazer disso sempre o meu melhor

Jamais, jamais permitir

Que o jarro se quebre

Que a luz se apague

Que um dia vazio se torne em vida vazia

Ou que a dor e o cansaço me entreguem

Me vençam, carreguem

Sem que tenha sido eu

O autor de toda essa balbúrdia.

Edson Ricardo Paiva.