O Sol artificial.
Era só mais um dia normal,
o despertador tocou sete vezes,
Em horários quebrados porque dizem que assim a gente descansa mais,
igual a todos os outros dias.
Fiz menção de me jogar pra fora da cama
mas levantei lentamente.
Coloquei a água do café pra ferver e me plantei debaixo do chuveiro.
Deixando a água correr pelo corpo sem interrupções.
Quando sai, a água ainda não havia fervido,
Passaram-se só quatro minutos.
Quatro minutos plantada no banho.
Não abri a janela, a casa era tomada pelo vapor do banho e da água que agora fervia.
Tomei o café naquele bafo quente.
Coloquei blusa, máscara, calça e tênis,
Sai sem nem ao menos conseguir sentir a brisa que a névoa anunciava, estava fresca.
No caminho para o trabalho,
sentada do lado da janela,
enquanto o ônibus atravessava a cidade,
eu tomava um pouco de Sol.
Fechava meus olhos e deixava o Sol em direção ao rosto,
Depois em uma mão, depois na outra.
Abaixava a cabeça como quem finge dormir para o Sol pegar o pescoço,
Fiquei de peito estufado, na intenção dele aquecer também o coração.
Não funcionava.
Nada funcionava.
Entre eu e o Sol tinha a janela travada do ônibus,
Identificada com a placa "não abra, ar condicionado ligado."
E eu só sentia frio.