O Sol artificial.

Era só mais um dia normal,

o despertador tocou sete vezes,

Em horários quebrados porque dizem que assim a gente descansa mais,

igual a todos os outros dias.

Fiz menção de me jogar pra fora da cama

mas levantei lentamente.

Coloquei a água do café pra ferver e me plantei debaixo do chuveiro.

Deixando a água correr pelo corpo sem interrupções.

Quando sai, a água ainda não havia fervido,

Passaram-se só quatro minutos.

Quatro minutos plantada no banho.

Não abri a janela, a casa era tomada pelo vapor do banho e da água que agora fervia.

Tomei o café naquele bafo quente.

Coloquei blusa, máscara, calça e tênis,

Sai sem nem ao menos conseguir sentir a brisa que a névoa anunciava, estava fresca.

No caminho para o trabalho,

sentada do lado da janela,

enquanto o ônibus atravessava a cidade,

eu tomava um pouco de Sol.

Fechava meus olhos e deixava o Sol em direção ao rosto,

Depois em uma mão, depois na outra.

Abaixava a cabeça como quem finge dormir para o Sol pegar o pescoço,

Fiquei de peito estufado, na intenção dele aquecer também o coração.

Não funcionava.

Nada funcionava.

Entre eu e o Sol tinha a janela travada do ônibus,

Identificada com a placa "não abra, ar condicionado ligado."

E eu só sentia frio.

Greicy Kenjy
Enviado por Greicy Kenjy em 02/06/2021
Reeditado em 02/06/2021
Código do texto: T7269698
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