Moça da chuva
Moça que passa sob os pingos da chuva.
Passa empinada, todo molhado o vestido.
Passa por mim, e segue sem perceber,
Que da janela sinto seu passar atrevido.
Passa moça molhada da minha chuva.
Pingos que caem após minha janela,
E no passo que avança em seu caminho,
Lentamente vai deixando de ser tão bela.
Pois o que a faz ser a moça que passa,
É a minha chuva que turva a vidraça,
Não cessa a chuva e não passa a moça
Cessa-se a moça, suga da chuva a graça.
Pois toda a beleza da chuva que cai,
Repousa na moça, ser a que passa,
E quando some na vidraça da janela,
Já não é mais da minha chuva a moça.
Stelamaris Cabral