Vida e Morte

De tanto quereres que somos,

Engajados em nossos parcos dias,

A pensá-los como eternidade.

Aprendemos a viver,

Mas não aprendemos morrer.

E isto não se refere a ser mórbido,

Mas darmos um sentido humanista,

Tão realista quanto o poético a vida.

Pois que seremos:

Crianças, adolescentes, jovens,

Adultos, Idosos e senis.

Até que após um crepúsculo

Nos recolhemos juntamente com o sol.

Morremos para a vida que conhecemos.

Nossos sentidos indicam o nosso princípio,

Nossa vivência detecta a finalização.

E um antes e depois, existe a partir da fé,

Numa opção por crer que consola

O nosso não existir captado pelo presente.

Somos primavera, verão, outono e inverno...

Mas que somos antes das primeiras primaveras?

E dos últimos invernos?

Nestes dias em que o falecer se banaliza,

O que como jogadores de roleta russa,

Vemos antes as partidas do que as chegadas.

Neste estranho perder de parte de nossas histórias,

Pois que não existimos sem os outros,

Somos testemunhas das existências de cada um,

Tal como estes testemunham a nossa existência.

Eis que a vida e a morte são tratadas bom absolutas,

E se não sabemos a morte,

Sabemos que a vida é relativa,

Ainda que mantida a chama interna,

O corpo envelhece, se redesenha,

Não nego nada em absoluto,

Pois que isto seria mera certeza na negação,

Tal como a crença absoluta em afirmação.

Em meio aos enganos haveremos

De encontrar verdades,

Mas que o engano não seja mentira,

Pois quem mente não busca,

Mas é hipócrita.

Vida e morte, quanta dor humana,

E algo de vivo se faz presente em suposta alma,

Querendo crer que após a noite que segue o crepúsculo,

Haverá novo amanhecer, nova aurora.....

Novas primaveras,

Pois que as estações são tão eternas,

Quanto ilusoriamente passageiras,

E nós fragmento do Todo,

Ocupados em espaço e tempo.

Crendo que a morte não faz parte da vida.

E então sem morbidez alguma,

Se faz necessário imaginar algo além,

Pois a razão é limitada

Para atingir onde a fé alcança!

Gilberto Brandão Marcon

09/05/2021

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 21/05/2021
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