Recomeço hoje
o que há muito deixei
quem me dera fosse deixar de lado
os castigos e os rabiscos
as tentativas frustrantes
de abandonar o que me tornei
se há amor
não há dor!
eu mentia
se há necessidade
não há tristeza
eu suplicava
se há santidade
não há veneno
não há lembrança de momento
que me faça pedir a morte.
hoje permito-me mentir
mais uma vez estou aqui
e mais uma vez
cansei
acho que de todos os amantes
da boa e velha boemia
nessas estradas vazias
eu fui o último
e dos primeiros
eu que bebia tanto
hoje me drogo aos prantos
por viciar-me em tal ironia
nem felicidade
nem viela vazia
eu sou a sombra que escorre entre as veias
de uma américa nunca latina
sou o que sobrou
restei
mas ainda que continue
ainda que refaça meus planos
eis o clichê mundano
que se repete dia após dia
eu fracassei.