dentro de si
milhares de vozes, personalidades, inúmeros seres discutem entre si em uma sala vazia
multidão eufórica e incontrolável, gritos divergentes ecoam de dentro pra fora e toda a escuridão cidade afora consegue ouvir
luzes ligadas em janelas abertas, luzes apagadas em quartos onde habitantes repousam terna e suavemente
uivos desesperados e apavorados.
sirenes de ambulância. ignorados. feridas sanguíneas se abrem cada vez mais, cortes profundos e mais sirenes. tripas arrancadas e jogadas de cima de altos prédios porque o que resta é arrancar e estilhaçar a si mesmo. de nada adiantam as fugas, tudo se resume a breves frases e palavras curtas, pensamentos limitados em mente acorrentada por paranoias. desejar a morte é desejar a ausência e o limbo. renunciar a vida é não se deixar ser presente. furiosos questionamentos inúteis, a presenca sempre é escolhida e quando a ausencia bate à porta, se deseja nunca a ter desejado. estar vivo é sobreviver com migalhas e aceita-las, porque ao menos se tem a vida. miseravel, fria e ingrata. súbito. é apenas o que sinto.