Sobre dores e cicatrizes
Por que dizer tanto?
Quando o melhor é silenciar.
Quando o mundo interno
Parece ser melhor do que o externo.
Quando a graça dos sentidos
Ficam opacas frente ao encanto dos significados.
Quando o sorriso sem graça,
Não consegue ocultar a lágrima seca nos olhos.
Então se fazer de tolo para suportar a tolice,
Pois que a tolice impregna a paciência,
Então melhor não se atracar a ela.
A luz não está na visão, mas no coração.
Quantos olhares nada veem,
Pois que estão presos às próprias crenças.
Não conseguem ir além do próprio sujeito,
Não entendem que ninguém é dono verdade.
Todos querem encontrar soluções individuais,
Mas não compreendem a necessidade do gregário.
Não existe diálogo,
Mas um metralhar sofista de palavras.
Argumentos vazios, pouco se vale se têm sentido ou não,
Prevalece a violência verbal
A expressar a vontade de abater o suposto adversário.
Mergulhados em adoração a mitos de carne e osso,
Parece que nos esquecemos do primeiro mandamento da Lei.
Então há que se pensar em religião? Não é religião é mera crença!
Se faz preciso fé, pois que em boa parte a religião roubou a alma da fé.
Como encontrar a possibilidade de autonomia individual
E vivência coletiva?
Como encontrar esclarecimento?
Em meio a este desmantelar da realidade,
É preciso manter a sanidade de um propósito maior.
É preciso encontrar forças para viver com dignidade,
É preciso suportar o ódio que nada constrói,
Guardar a aversão ao discurso dos ímpios,
Dos dissimulados que tudo dizem e pouco ou nada fazem.
Nesta estranha festa à beira do abismo.
20/03/2021