Sobre dores e cicatrizes

Por que dizer tanto?

Quando o melhor é silenciar.

Quando o mundo interno

Parece ser melhor do que o externo.

Quando a graça dos sentidos

Ficam opacas frente ao encanto dos significados.

Quando o sorriso sem graça,

Não consegue ocultar a lágrima seca nos olhos.

Então se fazer de tolo para suportar a tolice,

Pois que a tolice impregna a paciência,

Então melhor não se atracar a ela.

A luz não está na visão, mas no coração.

Quantos olhares nada veem,

Pois que estão presos às próprias crenças.

Não conseguem ir além do próprio sujeito,

Não entendem que ninguém é dono verdade.

Todos querem encontrar soluções individuais,

Mas não compreendem a necessidade do gregário.

Não existe diálogo,

Mas um metralhar sofista de palavras.

Argumentos vazios, pouco se vale se têm sentido ou não,

Prevalece a violência verbal

A expressar a vontade de abater o suposto adversário.

Mergulhados em adoração a mitos de carne e osso,

Parece que nos esquecemos do primeiro mandamento da Lei.

Então há que se pensar em religião? Não é religião é mera crença!

Se faz preciso fé, pois que em boa parte a religião roubou a alma da fé.

Como encontrar a possibilidade de autonomia individual

E vivência coletiva?

Como encontrar esclarecimento?

Em meio a este desmantelar da realidade,

É preciso manter a sanidade de um propósito maior.

É preciso encontrar forças para viver com dignidade,

É preciso suportar o ódio que nada constrói,

Guardar a aversão ao discurso dos ímpios,

Dos dissimulados que tudo dizem e pouco ou nada fazem.

Nesta estranha festa à beira do abismo.

20/03/2021

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 02/04/2021
Código do texto: T7222192
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