Sempre Sozinho

O morto na cova adormecido

Seus lábios roxos

Sua pele cinza

Recebe terra nos seus ouvidos

O choro longe de outro desconhecido

As flores brancas

O cheiro pálido

Até que um dia todos tenham morrido

Nascera ontem e comia o pão amanhecido

A toalha de renda

A fruta na mesa

A melhor vida que alguém pudesse ter vivido

Um dia a mais é um dia a menos já sofrido

A condução

O dinheiro pouco

Da janela do ônibus nas calçadas os mendigos

Sua alma sofre sozinha no seu abrigo

Um colchão rasgado

Uma garrafa de água

Não lembrava de ontem o que houvera comido

Mas lá estava ele deitado querendo gritar

As flores no peito

Alguém de preto

Uma mulher com lenço querendo chorar

E assim foi fechando a cortina do tempo

Tudo acabado

Seu corpo deixado

E cada um foi pro seu lado viver seu bocado

Restou o vento balançando as folhas

O passarinho que passa

A folha que cai

E o tempo vai passando,e ninguém lembra mais.

Carlos Duarte
Enviado por Carlos Duarte em 29/03/2021
Código do texto: T7218884
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