Doeu-me mais do que gume de navalha
rasgando, infectando a carniça em desalento!
Profunda foi a sensação de perda,
Sangrou-se-me a alma, em jorros incontroláveis,
cujos sentimentos, mais amáveis,
Por fim abandonou...!
A vida, já nada de novo me diz,
mas, o destino ou ventura, assim o quiz,
que no afastamento magnetico
permaneçamos, in perpetuum...!
E qual folha outonal, me entrego,
ao agreste vento frio do Norte,
Ao meu exilio forçado me apego,
para que na nossa malfadada sorte,
viver possamos, sem mais dores
nem vis afagos, nem beijos amargos,
de cloreto de sódio...
De ti, aguardo despeito,
quiçá profundo ódio,
mas os aceito,
quais oferendas de sacrificio,
de uma sacerdotisa suicida,
em altar de amor impuro!
Morreu Amor! Morreu paixão!
Lanço agora no vácuo,
uma ladainha carpideira de palavras moribundas,
Dispo-me da insipida mortalha...
jazo agora em laje cinzenta, em frio chão!