Rua 587 - Névoa

Lembrar é quando a roseira floresce

com encanto abrem entre os meus dedos

e desfolham quando são tocadas pelo vento

Nesses silêncios, imersa na saudade

cai as pétalas enquanto ando devagar

pesando em teu peito o meu sonhar

Procuro os meus castelos

Quem poderia vê-los?

Se pudesse congelar os dias

Impediria a névoa de esfumá-los?

Quem iria saber?

Enquanto adormeci, apressou-se o tempo

E estou a caminhar nessas estradas

Perguntando-vos em qual delas mora a saudade?

Arranca o enleio das janelas

De que serve as palavras de tua boca?

Jorram em cadência tão distantes...

Silêncio!

Sussurre antes que a terra emudeça

e as estrelas sejam lançadas

Tua voz escoa pela sombra

e eu saúdo olhares inertes

sem saber que a noite canta

Regresse ao nada que te prende

Nunca aprendeu a usar asas

Se arraste ao esquecimento dos que penaram

Mergulhe em tua indiferença

A terra encoberta pelas cinzas

Por todo o fogo atiçado nas pétalas que passaram

Vã é tua vaidade, nada sabeis!

Um dia, nascerá a roseira

Sem esquecer do caminho em que nasci

Nada então se perderá

Se os meus olhos fitarem a saudade.

Lorena Borba
Enviado por Lorena Borba em 13/03/2021
Reeditado em 13/03/2021
Código do texto: T7206154
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