Rua 587 - Névoa
Lembrar é quando a roseira floresce
com encanto abrem entre os meus dedos
e desfolham quando são tocadas pelo vento
Nesses silêncios, imersa na saudade
cai as pétalas enquanto ando devagar
pesando em teu peito o meu sonhar
Procuro os meus castelos
Quem poderia vê-los?
Se pudesse congelar os dias
Impediria a névoa de esfumá-los?
Quem iria saber?
Enquanto adormeci, apressou-se o tempo
E estou a caminhar nessas estradas
Perguntando-vos em qual delas mora a saudade?
Arranca o enleio das janelas
De que serve as palavras de tua boca?
Jorram em cadência tão distantes...
Silêncio!
Sussurre antes que a terra emudeça
e as estrelas sejam lançadas
Tua voz escoa pela sombra
e eu saúdo olhares inertes
sem saber que a noite canta
Regresse ao nada que te prende
Nunca aprendeu a usar asas
Se arraste ao esquecimento dos que penaram
Mergulhe em tua indiferença
A terra encoberta pelas cinzas
Por todo o fogo atiçado nas pétalas que passaram
Vã é tua vaidade, nada sabeis!
Um dia, nascerá a roseira
Sem esquecer do caminho em que nasci
Nada então se perderá
Se os meus olhos fitarem a saudade.