MEU POEMA DERRADEIRO
MEU POEMA DERRADEIRO
Manoel Belarmino
Quem com letras escreveu
O seu poema primeiro
Um dia assim como eu
Há de escrever o derradeiro.
Cansado do tempo, noites,
Do Sol, da angústia do vento;
Minh'alma frágil de açoites
Afogou-se num tormento.
Mais alma que corpo eu sou,
Eu me despojei de tudo
Desde que menino eu sou
Da matéria eu me desgrudo.
Ambição eu nunca tive
Nunca fui buscar riqueza
Sabedoria sempre tive
E eu a busquei com grandeza.
O amor na alma eu carrego
Desprovido da matéria.
O corpo em matéria é cego
E alma eterna é etérea.
Minh'alma escreve um poema;
O do fim, o derradeiro,
Com letras etéreas, n'alma,
Poema de amor verdadeiro.