DECEPÇÃO DE UM SOLITÁRIO
No tempo em que eu ainda amava
Me dei de corpo e alma a um corpo
Cuja a alma em sonhos, céus viajava
Deixando-me um deserto de morto
Eu sozinho com este corpo sem alma
Pensava que o amor existia
Bebia do orvalho da calma
Eu era primavera sem dia
Pensava que um sol me abraçava
Quando era uma lua sem céu
Pensei que mil flores brotavam
Mas o leite que tomei era fel
Fui deixado na porta do altar
Traído como um bicho sem lar
Pensei em morrer, matar de vingança
Mas aprendi a entrar nesta dança
Hoje vivo sozinho sem rumo
Sem estrela, nem sol, nem aroma
O trabalho é o que apruma meu prumo
Meu prazer hoje dorme na cama!