Anéis, dedos e esperas...
Vão-se os anéis, ficam os dedos;
Quem espera, sempre alcança...
Então, suponho que,
Se perdi o que possuía
Mesmo pobre
E insano,
Cultivando a esperança,
De alcançar o que não tinha
Esperando, crendo...
Alcançarei, por força
Inda que um dia!
Ah, mas é preciso bem mais
Que filosofia, fé,
Ou meu simples prometer
Para romper os grilhões
Deste destino impassível,
Desta sorte inamovível
Chegando, destarte, ao que se queria.
E onde, pergunto-me
É o chegar?
Talvez um recuperar
De alegrias e esperanças
Quase esquecidas...
Um brilho da criança,
Brinquedos luminosos
Perdidos na estrada...
Não, tarde demais.
O ideal aos meus pés jazia...
Estão todos mortos,
Pelas noites
Longas e frias
De espera demasiada
Nessa vida fora
Dos trilhos...
Vão-se os anéis
Ficam os dedos...
Ficam?
Poucos preciso
Já que nada, ao fim,
Se alcança
Para tomar a arma
E puxar o gatilho...
E, terminada a espera
Alcançar
Mesmo sem esperança
A eternidade
Das eras...