CAMINHO DE PEDRAS

lisieux

Quando tu me traíste

um manto escuro

cobriu o estrelado céu da noite

e o açoite deste vento

pelas ruas,

nas esquinas e estradas vicinais,

só consegue imitar

o meu gemido,

os meus suspiros,

minhas dores eternais...

Tento soltar a minha voz,

mas não consigo

e eu persigo

uma forma de dizer

o quanto dói, amado meu,

a tua ausência

e a demência

dessa minha solidão.

A travessia é tão ingrata,

tão difícil!

É um suplício prosseguir

sem tua mão,

Sem teus poemas, colorindo

a minha vida...

uma ferida

se abriu no coração.

Eu não queria, meu poeta,

que esse pranto

e esse quebranto

que me afoga o peito

e queima

o interior como uma chama

colossal,

fossem agora companheiros

de destino,

pois meu "menino"

resolveu mudar de rumo

e perco o prumo

nas encostas da existência...

O meu caminho é pedregoso...

e a inocência

foi-se no rastro

das tormentas das paixões...

E é tão difícil atravessar

tantos dezembros

sem a chuva serôdia

que alimente

dos meus sonhares

essas secas plantações.

É desatino o que eu colho

dos canteiros.

É nostalgia a primavera

já passada

e o outono se instalou

nas sensações...

A poesia se perdeu

no meu caminho...

Tu conseguiste sufocar

o meu carinho

e a loucura

se mudou pros meus

porões

.

.

.

BH - 29.10.07

* para um certo poeta...

lisieux
Enviado por lisieux em 29/10/2007
Código do texto: T714384