No fundo de um quarto vazio.
Na calada da noite
onde os mosquitos lhe fazem companhia
você percebe que não há para onde correr
e nesse confronto que angustia
a vida lhe ensina a ceder
quem muito acha que sabe
pouco pode fazer
quem pouco do mundo sabe
nega um abraço a você
A tv ligada não lhe faz entreter
sorrisos, risadas, é só a Tv
no fundo do quarto
só e calado
resta você
E à você
resta ceder
aos desejos de volta que fazem doer
a lembrança quem você se deixou esquecer
por alguma coisinha fez questão de dizer
coisas tão duras, ruins de dizer
que por dentro rasgam o que restou de você
que dói ver que o tempo se faz escorrer
por entre seus dedos sempre a correr
longe passando e deixando você
Como árvore imóvel, lamenta você
a estática ótica que consome você
de ver esse tempo que teima correr
sempre à frente
deixando você
estático, quieto
sozinho, inquieto
chorando sem ver
que o tempo não volta
e só resta saber
se daqui pra frente é possível correr.