Prece
Senhor, cujo corpo não existe, porém, em tudo, está.
Senhor, cadáver do mundo –
Ermo e profundo de uma presença anônima e suspensa.
Ergo as minhas mãos, que estão tão longe de ti
Mas só alcanço até onde o meu braço chega.
Mestre,
Meu mestre querido,
Meu coração não te vê,
Meu coração não enxerga,
Meu coração não aprendeu nada...
Vi fadas, toquei fadas,
Mas não sei se fadas existem.
Senhor, eu sou o eterno expulso
Que não pediu a vida.
Por que me destes um alento para vagar no ocaso?
Por que me destes uma alma se eu não sei como usá-la?
Que tipo de mistério está guardado em mim?
Esta névoa de carne vagando errante,
Este pequeno suspiro invocado no deserto...