Pobre Bailarina
Não tem a sapatilha que tanto admirou na vitrine
O tutu apareceu em seu sonho
Mas quando estava a ponto de alcançá-lo
Se desfez como poeira de estrela
Pobre bailarina
Só leva esse título em seu coração
Nunca esteve numa escola de balé
Jamais sentiu a melodia envolver seu corpo
Estando na ponta dos pés
Orientada por aquela professora
Que parecia ter tanto carinho pelas alunas
Das quais ela nunca fez parte
Pobre bailarina
Com seu vestido levemente rodado
Que ganhara de uma prima distante
Rodopiava pela casa descalça
Fazia um coque bem no alto da cabeça
E imaginava estar num palco
Com o mais belo traje rosado
Sapatilha corretamente colocada
Seu olhar determinado mirava as estrelas
Como se seus passos a conduzissem para o espaço
Ela ainda observa as crianças indo para a aula de balé
Com um sorriso pequeno no rosto
De alguém que só queria um espaço
E não o encontrou em lugar nenhum.