SOFREGUIDÃO (III)
Da garganta sai um eco fúnebre.
Após derradeiras horas de agonia,
O coração, que já não mais palpita,
E tudo se acalma para se tornar frio,
Perecer a matéria e os vermes a consumirem,
Deitar à Terra no adormecer profundo,
Não mais gozar a matéria da Terra vasta,
Voar a essência lá pros Céus
Conforme bons atos aqui praticados.
E penso: quando chegará, enfim,
O descanso merecido pro corpo dolorido
Se me debato tristonha e tristonha fico
Na sofreguidão tamanha que me arde inteira.
Batalha - Piauí, 02 de abril de 2006.
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Francisca Miriam Aires Fernandes, em "Safra Poética", 1ª edição, CBJE, Rio de Janeiro, 2020 (Página 36).
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