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Depois que a linda viajante se foi
A noite fez frio, angústia e solidão
O penetraram com furor
Trovejou, 
Um temporal se formou.

O marujo solitário em seu pequeno veleiro, se abrigou.
Se ajoelhou, 
Olhou para os céus
Para que as tempestades cessassem
Com a voz ainda fremida, orou.

Nas profundezas misteriosas dos Oceanos
Aonde ninguém jamais ousou mergulhar
Habita um lindo jardim,
uma mistura de lindas e vivas flores
Exóticas outras mortas
resquícios de desamores.

Como dizia a música de Rashid : - " não vem com tecnologia não (não),
não se mata saudade por mensagem 
E a falta um do outro causa estrago
Difícil se encontrar, parece até aquele filme A Casa do lago."

Desentendimentos bobos, desencontros
Na verdade nunca se teve nem se quer a oportunidade de um real encontro.

Como bem previu Bauman 
a liquidez e efemeridade das relações 
É raro ter aquele aconchego gostoso de um abraço demorado, um sorriso
O toque das mãos se entrelaçando
entre profundos olhares.

Tudo se tornou tão virtual 
e o que hoje mais é real ? 

Coleções de matchs instantâneos.
Alimentando egos
Entre filtros e máscaras que disfarçam a eminente solidão, a vulnerabilidade das relações.

Nunca antes estivemos tão conectados e ao mesmo tempo tão distantes.
Ah quando foi que nos tornamos tão intolerantes, desistindo uns dos outros, dos reflexos de nossas próprias fragilidades e imperfeições ?

Quando foi que deixamos de exercer a escuta empática dos gemidos inexprimíveis da alma e do coração ?

Após o temporal 
O mar amanheceu iluminado pelo Sol
Mas, o marujo solitário na esperança de ser arrebatado 
Adormeceu com os olhos ainda marejados.
 
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Víctor Sigmaringa
Enviado por Víctor Sigmaringa em 16/11/2020
Reeditado em 16/11/2020
Código do texto: T7112616
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