Monocromia

Ocupando o banco da praça

Havia um velho sentado

E eu olhava instigado

Como quem admira uma estátua

Vestia um suéter cinza crômio

E calça sarja cinza mercúrio,

Em sua apática paleta acrômata

Um nevoeiro cinza chumbo.

Sua perna direita pendia

Com a outra sobreposta

Na tíbia esguia se via

Os detalhes da meia exposta

Com a brisa na face ele ria,

Irônico pensava contudo,

Que inclusive em tons de cinza

Seria a lápide do seu túmulo.

E quando para lá fosse

Da monocromia se livraria

Pois, agora em todas as cores

Sua alma se elevaria.

Diogo Carmona
Enviado por Diogo Carmona em 14/11/2020
Código do texto: T7111721
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