A miséria humana
A miséria humana apresenta muitas faces,
Nem sempre é fácil e possível a reconhecer.
As vezes ela também assume seus disfarces,
Que impedem as pessoas de a perceber.
As pessoas costumam ter até mais piedade,
Dos pobres que vivem mendigando o seu pão.
Mas nada se diz que seja mesmo de verdade,
Sobre a miséria que assola o tolo coração.
Todos tem pena daquele que pede esmola.
Para matar com ela a sua triste e pesada fome
Mas nada se fala de quem do mundo se isola,
Nem mesmo do mal que a esse ser consome.
Recomenda-se sempre praticar a caridade,
E compartilhar de tudo o quanto se tem.
Tudo se dar em prol do bem da humanidade,
É a bela fala que a muitos mais convém.
É preferível fingir amar ou querer bem,
Mas ninguém divide com sinceridade.
O amor ágape se este de fato não advém.
Da mais sincera e verdadeira amizade.
É urgente então fazer toda a denúncia
Também é justo reivindicar todo o direito
Para gritar alto e sempre em boa pronúncia
Sobre o valor do bem e do puro respeito.
Mas é mais urgente e tem até maior sentido
O grito que brota do mais sofrido peito.
Muito mais amargo e por vezes ressequido.
Por seu destino vive sempre insatisfeito.
Falo portanto da miséria soberana
Que nada muda e nunca se resolve.
De toda postura fria e desumana
Que nem a dor do outro lhe comove.
Por isso aqui digo o que penso discernir
Dar o pão é muito bom mas ainda é pouco.
Mas o que não dá pra se retalhar e dividir,
É um coração que por dentro já está oco.
adriribeiro/@adri.poesias