Entre o teto e o cinzeiro
Entre o teto e o cinzeiro
Embaço meu “palácio de pinturas”
Um poema de fumaça e agruras
Declamado em silêncio e medo
Cada desejo desfila nas asas de um inseto
Iludidos, saem e transpassam minhas paredes
Acreditam ganhar espaço e vento
No pretume da noite e urro de tormentos,
Tornam-se alimento,
Desejo de outro desejo.
Vezes chego à porta, de mansinho, e me olho
Estou sentado, solvendo emoções, diluindo existências ,
Temperando com saudade no fogo brando do tempo
Imbuído de sorte, trancafiando sentimentos
Tenho medo de mim mesmo,
De minhas mãos calejadas e estradas demarcadas
De não saber questionar
Sentindo o peso da idade
Porque só me deram verdades
para me alimentar.
Quando saio aflito às ruas não tenho pernas
Não existe corpo, existe o mormaço.
O “não eu” me espanca
Onde meu olhar chegar.
Tudo se move , sou estático e desprezível
como um gole de cachaça,
devaneios de fumaça
em mesa de bar.