Quando Se Perde A Esperança
Quando a esperança se vai é assim
As noites parecem não ter fim
Tudo começa a perder o sentido
O questionamento: por que eu tenho vivivo?
Pra que servem os amores?
Será que sou merecedor de tantas dores?
Que Deus me perdoe, não quero blasfemar
Mas queria uma explicação
Para esse furacão
Que está a devastar
Dizem que colhemos o que plantamos
Já não acredito mais
Há tantas coisas que passamos
Que não coincidem com o que semeamos
Parece que colhe dor
Quem semeia amor
Quem planta caridade e empatia
Colhe covardia
Quando só quer fazer o bem
E ser feliz sem atrapalhar ninguém
Pra eles, tanto faz!
Sua felicidade incomoda tanto
Que vai se transformar em pranto
Porque vivem para tentar roubar-lhe a paz
As noites frias
Vão se tornando vazias e sombrias
E parecem não ter fim
Os pensamentos gritam tanto
Que desata outro pranto
E rouba o sono de mim
Outra vez vou orar e clamar
Pedir a Deus forças para continuar
Mas orar não foi o suficiente
Então de novo vou ler para colocar na mente
Frases cheias de esperança
Inocente, acreditei em cada uma, feito criança:
Um novo dia vai raiar
Um novo amor vai chegar
O que passou vai se curar
O que tem passado é para ensinar
O choro dura a noite, mas a alegria vai chegar
O próximo amor vai ser diferente, vai ser bom
Merece mais que ter alguém debaixo do edredom
Um novo alguém vai te reiniciar
Será? É o que agora a mente está a pensar
Contamos essas mentiras a nós
Para acreditar que um dia
Não seremos mais tão tristes e sós
Que ainda teremos amor e alegria
E alguém que não queira ir embora
Como tantos já fizeram outrora
Mentiras deslavadas
Que nos são contadas
Para que a gente não queira desistir
Quando a gente deixa de viver
Passa apenas a existir
Tudo passa sim!
Passa chuva, tempestade, furacão
Passam falsos amigos, passa o desamor
Mas responde para mim:
O que sobra quando tudo passa? Preciso saber!
Vejo alagamentos, mortes, destruição
Vejo ficando devastação e dor
E bons corações destruídos por traição
Ilusão, falsidade, amor não correspondido
E tudo leva tanto tempo para ser reconstruído
Que a esperança começa a desfalecer
Acordar e não querer mais sair da cama
Amar e não poder dizer que ama
Pra que acordar?
Pra que perder tempo a amar?
Até acho que não sou alguém amável
E que hoje sentimento e a gente é descartável
Mas ninguém me ensinou a esquecer assim
Furacão passa sim
Mas o vento leva consigo o que construí
Tanto trabalho para fechar cicatriz
Recuperar a paz e ser feliz
Para a vida trazer gente infeliz
Pra me machucar e destruir
E trazer ainda um amor que não veio ficar aqui
De receber ou oferecer reciprocidade
Desisti
Essa tal de sorte não é pra mim
Nem pra amor, nem pra amizade
Os olhos inchados revelam enfim
Que a noite passada
Também não teve fim
Que a dor me fez sentir sufocada
E não quis mais guardar apenas pra mim
Estar assim não é culpa do desamor
É que fui acumulando ferida e dor
E tanta desventura me deixou cansada
A solidão me faz companhia toda madrugada
E diz que sou insuficiente e nunca vou ser amada
Que amizade verdadeira não será mais encontrada
Que não existe retorno na minha estrada
Que me permita viver perto da família amada
Para alguém que sempre foi positiva e teve fé
Pela vida era apaixonada
Sem força, não consegue mais remar contra a maré
Espera que não a vida,
Pois não é suicida
Mas tanto dissabor tenha fim
Mas já não cria tanta expectativa sobre isso mais
Pede que se não amor e felicidade, ao menos paz
Quando se perde a esperança
É que se perdeu no interior a criança
Que sonhava, acreditava, esperava
Serelepe, felicidade esbanjava
Amor e carinho tanto plantava
Mas colheu tanto desprezo e dor
Tanta indiferença, desamor
Que se assustou
E solitária se trancou
Em algum lugar dentro de mim
Para que ninguém mais possa machucá-la assim