Capaz de servir
Meu espírito desespera-se às asperezas nascentes,
Mesmo quando subordinado à fiéis obrigações.
Intriga-se em mesmismos,
Involuntariamente arrastando pesadas correntes
Que seguem rasgando o solo,
Cravando-lhe um vinco de dor e frustração.
O som repetido acende-me a luz escura
De novas paisagens que imobilizaram-se,
Alicerçadas sobre a frágil superfície
Que nos sufoca, torcendo para que seja breve,
Mesmo que seja perene,
Este único instante!
Mas amanhã é um novo dia!
Mais um dia igual a outros dias!
As mesmas subserviências,
As mesmas relutâncias,
Os mesmos sons...
Capaz de nos tomar de assalto,
Me prende amiúde no leito suado,
Testemunho de muitas mágoas choradas,
Senhor de muitas águas passadas!