Friagem
Ó sorrateira solidão – a se aproximar de mim
Sutilmente
Traiçoeiramente
Vem ao meu encontro – na fria noite
Quando os pássaros emudecem – e os cães se aquietam
Momento em que os anjos repousam nas hostes celestiais
As luzes das casas se apagam – ela surge, pavorosa
Solidão, a seguir pela rua
Passar pelas árvores sonolentas
Quando as crianças dormem – as mães sonham
A caminhar pela calçada, não faz barulho
Macabro ser – vaga à minha procura
Como demônio vindo das trevas
Quer me fazer companhia, dilacerar-me a alma
Eis, ela chega – tétrica solidão
Invade o quarto
Deita-se ao meu lado, não pede licença
Na noite escura, lúgubre...