Mancha
Nem de noite nem de dia
Dissipou-se a apatia
A alma que aquecia, hoje repele calor
Nem de dia nem de noite
Livrou-se dos açoites
Das marcas e feridas que lhe deformaram o vigor...
Nem sabe se é noite, nem sabe se é dia
Solidão nada informa, sobre o que se arvora
Só e só estava, não queria nessa hora.
Veio o dia
Veio a noite
E mais um, e mais uma
E menos um, e menos uma...
E nada mudava, além do mover dos ponteiros do relógio...
Com a noite foi a alegria,
Que com o dia não voltou
Deixou ir tantas chances
E nenhuma delas segurou
Só pra ficar e dar-se mais um pouco,
Mais pequena ainda ficou.
Nem de noite nem de dia
Compensou o altruísmo que vestia
Que de tanto olhar o outro, não se apercebeu do abismo, em que só um cai enquanto o outro segue.
E lá de dentro olha, sem saber se é noite ou dia...
Sua identidade grafada no sol e na lua que não vê, não pode mais voltar, onde não é mais seu lugar
Ficou só uma mancha, que se vê de noite e de dia.