Mancha

Nem de noite nem de dia

Dissipou-se a apatia

A alma que aquecia, hoje repele calor

Nem de dia nem de noite

Livrou-se dos açoites

Das marcas e feridas que lhe deformaram o vigor...

Nem sabe se é noite, nem sabe se é dia

Solidão nada informa, sobre o que se arvora

Só e só estava, não queria nessa hora.

Veio o dia

Veio a noite

E mais um, e mais uma

E menos um, e menos uma...

E nada mudava, além do mover dos ponteiros do relógio...

Com a noite foi a alegria,

Que com o dia não voltou

Deixou ir tantas chances

E nenhuma delas segurou

Só pra ficar e dar-se mais um pouco,

Mais pequena ainda ficou.

Nem de noite nem de dia

Compensou o altruísmo que vestia

Que de tanto olhar o outro, não se apercebeu do abismo, em que só um cai enquanto o outro segue.

E lá de dentro olha, sem saber se é noite ou dia...

Sua identidade grafada no sol e na lua que não vê, não pode mais voltar, onde não é mais seu lugar

Ficou só uma mancha, que se vê de noite e de dia.

Alda Guimarães
Enviado por Alda Guimarães em 22/08/2020
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